Isso mesmo. Natalino renunciou. Aliás, o mínimo que poderia fazer, ou que poderiam impor a ele.
Retrospecto do ‘caso’:
Os resultados do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) e do Indicador de Diferença entre os Desempenhos Observado e Esperado (IDD) comprovaram na semana passada (divulgação em 29/04/2008) que os cursos de medicina não vão bem não. Bom, talvez meu comentário seja um pouco radical, já que de 103 cursos apenas 17 apresentaram baixo desempenho e serão submetidos à supervisão, com possibilidade de serem fechados se não melhorarem substancialmente (?)...
...radical nada. Pense no número de médicos (profissão que não exige mesmo que o profissional seja proficiente — hã?) ‘mal-formados’ saídos de ‘apenas’ 17 universidades do País. Dentre elas, 4 Federais.
Voltando...Bem, você deve ter visto qual foi o comentário do coordenador do colegiado da Faculdade de Medicina (Famed) da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Antonio Natalino Manta Dantas, sobre o mau desempenho dos alunos de lá: “Deve haver uma inferioridade do alunado baiano com relação ao de outros lugares"..."Talvez o baiano tenha déficits com relação a outras populações. Afinal, a prova foi a mesma em todo o País."
Além disso, aproveitou para dizer "apesar das grandes riquezas naturais"...e associar os problemas no desenvolvimento econômico da região com a capacidade intelectual dos conterrâneos. Não contente até aí, referiu-se ao berimbau como "o típico instrumento de quem tem poucos neurônios", e qualificou a música de grupos como o Olodum, como "barulho".
Diz pra mim se ele não pediu?
Através de seus comentários, ele contribuiu com a disseminação de uma idéia discriminatória e preconceituosa e, antes de qualquer coisa, equívoca.
Provar a inferioridade de um povo baseado em quê? Na música regional que é tão tradicional quanto a de qualquer outro Estado? Que tem origem muito antiga e reporta a tantos valores culturais transmitidos de geração a geração?
Poxa vida. Como deixaram esse homem abrir a boca.
Dá pra entender como os estudantes da região têm sido prejudicados no ensino. Difundir que o problema está com o aluno é ignorância absoluta. Fragilidades estruturais é que deveriam ser debatidas. Especialmente a formação desse cidadão, que está lá formando pessoas. E é baiano. E deve julgar os outros por si mesmo.
A discussão que abro é a seguinte:
Diante do feliz comentário do Seu Natalino, o presidente do grupo Olodum, João Jorge Rodrigues, comparou-o a Hitler.
Com base num questionamento que surgiu no meu trabalho, sei que vou pressionar, mas gostaria de saber, o que vc acha? O possível poder de influência (eu disse possível, pense no coronelismo presente até os dias atuais) dele permite uma comparação assim? É desse jeito que déspotas começam e difundem absurdos que podem ser absorvidos pelos menos preparados?