sábado, 13 de outubro de 2007

Eu te amo papai

Arrancaram-me um pedaço.
Deixado foi um espaço fundo, não cicatrizado, que o vazio preenche por inteiro. Quisera eu conhecer os desígnios do todo poderoso destino, pois teria usufruído os últimos momentos, além de cada ínfimo momento/segundo, com mais entrega.
E tempo.
Ele se foi, e a nós restou a dor, e depois, a saudade.
Certas de que o tempo resolverá nossas torturas, procuramos sobreviver à sua inerente presença na casa.
Cada carrinho de mão de areia ou pedra, cada telha colocada, cada parede levantada, cada azulejo ou piso, cada detalhe.
Todos eles se devem à sua enorme dedicação e desejo de agradar e fazer feliz sua família.
Pela manhã da sexta-feira, dia 31 de agosto, ele era um homem saudável e ativo, enquanto à tarde, o pior aconteceria.
Custa muito acreditar que aos 53 anos ele não está mais conosco, deixando tantas lembranças e solidão.
Como entender que ele não mais existe?
Seu chinelo ainda está na porta de vidro, o cafezinho, costumeiramente passado toda tarde também está lá, em cima da pia.
Os óculos para leitura ainda estão em cima da mesa, e a contabilidade do mês a fazer.

Agora somos apenas nós três. Mamãe, Poli e eu. Papai faleceu em 31/08/2007. Ele nem chegou a usar a camisa que demos de Dia dos Pais pra ele, nem comeu os 3 chocolates finos que eu escolhi especialmente pra ele. Queria tanto vê-lo com a camisa.
Redigido em 02/09/2007.

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