quinta-feira, 14 de outubro de 2010

O doce da vida

Bombons, cupcakes, brownies, docinhos de festa, cookies, bem-casados, bolos, quem consegue resistir a essas delícias gastronômicas? O ramo alimentício, e mais especificamente, de docerias e confeitos é um prato cheio de boas oportunidades para quem decide empreender nesta área. É o caso da psicóloga Ana Carolina Cavalcante Duarte, de 30 anos. Desapontada com o rumo de sua vida profissional e preocupada com o futuro, a carioca decidiu mergulhar de cabeça num amor do passado: os doces finos. “Eu queria ser psicóloga clínica, mas isso demandava muito dinheiro. Não estava fácil, um dia, em maio de 2009, eu precisava ir à minha sessão de análise e tinha o dinheiro para pagar a sessão, mas não para ir ao local. Chorei muito e liguei para minha analista, que disse para eu ir e tirar do montante da sessão um pouco para conseguir chegar lá, mas eu resolvi fazer diferente: peguei um pouco mais e fiz bombons para vender perto de casa, assim começou minha história com ‘A Doçaria’”, conta Carol (como prefere ser chamada), que desde os 12 anos já preparava os bolos de aniversário e as sobremesas das festas da família, mas nunca havia dado atenção para esse dom.

Ousadia e irreverência para atrair os clientes

A ideia de vender bombons caseiros deu certo, e aos poucos Ana Carolina incluiu novos produtos em sua linha de atendimento. “Comecei a bolar receitas, a inovar. Expandi minha linha de produtos com brownies, cupcakes, bem-casados, docinhos... Hoje tenho como foco eventos como casamentos, festas de 15 anos e uma linha de presentes”, esclareceorgulhosa. A mestrada em Teoria Psicanalítica na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) prepara todas as encomendas em casa, com a ajuda da mãe, e sua irreverência na divulgação dos produtos que vende tem tido sucesso entre os clientes, um sinal de que os negócios devem prosperar. “A ação de marketing que privilegio até hoje são os e-mails que envio e fotos bem tiradas. Faço questão de ser bem humorada e de o texto ultrapassar só a venda de doces. Muitos dizem que gostam de receber meus ‘spams’ só pra se divertir. Isso é ótimo! Atraio a atenção, crio a demanda do contato, quebro o gelo da venda, fujo do lugar-comum. Se você pode fazer diferente por que fazer igual? Ouse, seja criativo!”, aconselha.

Apresento-lhes: Carol!

Ainda nos primeiros passos, a doceira de ascendência portuguesa e cearense, como faz questão lembrar em referência às delícias que a rodearam desde cedo, já observa o crescimento de seu negócio. “Meu investimento inicial foi de R$40,00. Tive como retorno o dobro. Reinvesti. Na primeira encomenda de casamento, pude investir mais forte em artefatos para confecção dos chocolates”, esclareceu. Ana Carolina é um exemplo de que é possível sim iniciar um empreendimento com uma quantia baixa, sem onerar seu orçamento, e crescer aos poucos. “No início meu rendimento mensal era de R$500,00/mês só com os chocolates vendidos pelas redondezas. Hoje forneço brownies semanalmente para dois cafés (um na Tijuca e um no Leblon) e para um restaurante no Centro da cidade, além de ter, pelo menos, 3 festas por mês, com um rendimento mensal de R$1.500,00. E quero mais!”, frisa.

Além de possuir um site, Ana Carolina também ‘conversa’ com seus clientes através de um blog, onde dá informações sobre os lançamentos sazonais. “Nas produções sazonais meu lucro dobra! No Natal passado criei uma linha de presentes (brownies de colher na caneca) e uma linha de panetones, foi muito bom. Conquistei vários clientes que fizeram encomendas para a Páscoa, que ao que tudo indica, será ótima também”, destaca.

Cake Designer – Conceito e sofisticação na sua festa

Não foi à toa que a brasiliense Paula Porto, de 34 anos, se encantou pelo trabalho de modelagem com pasta de açúcar. Em 2006, a administradora de empresas habilitada em Comércio Exterior decidiu transformar em ofício seu ‘hobby’. “Sempre adorei fazer bolos, doces e criar sobremesas diferentes para minha família e amigos. Como todos adoravam minhas receitas, decidi me aperfeiçoar. Fiz vários cursos, de confeitagem artística, de confeiteiro, de salgadeiro, entre outros, e me apaixonei pela modelagem com pasta de açúcar”, conta a confeiteira que tem como meta abrir uma loja ainda este ano e também começar a ministrar aulas de modelagem de bolos nos níveis básico, médio e avançado.


Paula tem o dom de transformar doces e bolos no que você quiser!

A história de Paula também é de uma mulher arrojada que decidiu investir num sonho: o dela e o de outras pessoas. “O carro-chefe da minha empresa é o bolo artístico, pois as pessoas têm a oportunidade de personalizar e montar o seu bolo conforme a imaginação”, explica. Como sua produção e atendimentos são em casa, Paula adotou um sistema inteligente e bem-sucedido para divulgar seu trabalho. Como Carol Duarte, ela usa a Internet. “Para apresentar os produtos e atrair novos clientes, criei um site. Lá eu disponibilizo fotos dos produtos e mantenho essas galerias de fotos atualizadas semanalmente. O site foi preparado para ter boa classificação nas ferramentas de busca. Além disso, o endereço dele foi cadastrado em alguns sites específicos para anúncios de profissionais de festas e casamentos. Com isso recebo dezenas de e-mails e telefonemas por dia, e meu site atualmente recebe uma média diária de 100 visitas, sendo a maioria de Brasília, no Distrito Federal”, comenta Paula.

Para quem se interessa pela área de cake designer, Paula, que já trabalha com isso há mais de 4 anos, avisa que “a pessoa precisa se dedicar e conhecer bem seus produtos e técnicas”, frisa que existem muitos cursos técnicos de confeitaria que podem facilitar o trabalho e indica os livros ‘Técnicas de Confeitaria Profissional’, da Editora Senac, e ‘Confeitaria - 70 Receitas Ilustradas Passo a Passo’, da Editora Larousse.

Investimento em equipamentos e capital de giro

“Para começar, a empreendedora precisa adquirir uma batedeira profissional, um processador, um fogão com forno de qualidade, uma geladeira, uma bancada de mármore e utensílios para manipulação e modelagem de bolo. No ato da encomenda, o cliente deposita metade do valor e isso possibilita que eu compre o material necessário para a demanda”, enfatiza sobre uma maneira de captar recursos para investir no próprio pedido. Agora, só resta você decidir o que falta para adoçar a sua vida! Boa sorte e bom apetite!

Reportagem produzida por mim em março de 2010